segunda-feira, março 28, 2011

Angustia!

As vezes fico me perguntando como ainda não ganhei de fato um certificado “Maria do Bairro” porque não é a toa que eu fiquei com o sugestivo codinome de Menina Que Chove. Sou chegada em um drama, admito. As lágrimas no caminho fizeram parte (ou eu não ganharia esse codinome), mas o tempo passou e passou e passou...

E olho pra trás e me faço tantas perguntas. Há anos quando a pessoa que eu mais odiava na face da terra, sim porque essa pessoa parecia ter nascido para infernizar minha vida... Enfim... No dia em que essa pessoa que não sei porque cargas d’água (não descobri até hoje e tenho a leve impressão que não irei descobrir NUNCA – ao menos se depender da minha coragem pra perguntar) resolveu se aproximar de mim para uma “amizade” (aquilo era amizade de fato? Estaria eu construindo relações em cima de fatos errados? Quem errou?)... Enfim... No dia em que essa pessoa se aproximou de mim para me dar uma tregua (em vez de enfernizar minha vida como de custume), nem ele e nem sabiamos onde isso iria parar e quais as consequências disso.

Aonde parou? No meio do caminho. Por que? É uma das perguntas que martelam em minha mente todos os dias (acho que nem um dia sequer de sua ausência me fez deixar de questionar isso) e eu simplesmente fico com cara de panguá e não sei responder. As consequências? Eu sinto todos os dias meu peito doer e minha cabeça latejar com a palavra angustia pregada. De concreto apenas um porta-retrato (odeio porta-retratos) perto da minha televisão.

E por que a angustia? Vou tentar explicar através de uma analogia. Suponhamos que eu seja uma criança de 5 anos de idade. O que eu mais quero é um pirulito. E eu ganho um pirulito bem gostoso, o melhor da minha vida (que eu não sei ainda que é o melhor porque eu só tenho 5 anos de idade). Mais ai eu tô feliz comendo meu pirulito e de repente um vilão de desenho animado qualquer vem e toma meu pirulito a força e leva com ele. Eu sou uma criança: choro! Por quanto tempo? A cada pirulito chupado a lembrança daquele que um dia foi tomado a força.

Tá, eu sei. Péssima analogia, mas capitaram? Se eu tinha 5 anos? Óbvio que não. Um cadim mais. Mas a essência da coisa está ai. Mas o tempo é cruel. O tempo passa e as pessoas mudam. Eu as vezes não me reconheço mais. Não sei qual a parte que é amadurecimento e qual a parte em si é cansaço. Falta de forças pra revidar (mas isso já é outra história). Eu vejo os “pingos” fora dos “is” e nem ao menos me vejo tendo iniciativa em dizer o que acho certo ou errado.

Uma vez no ponto máximo da sobriedade que minha existência me permitiu ousei falar com meu pai que “ pra que eu ia ficar pertendo meu tempo e minha saliva com uma pessoa que não tá interessada no que eu tenho a dizer?” e acho que cada vez tenha seguido esse auto conselho.

Uma pausa obrigatória para releitura. O sentimento de angustia é pleno, mas ainda assim não sei porque escrevi isso tudo. Não quero que ninguém me entenda porque eu mesma não consigo isso. Antigamente eu tinha a certeza de que podia saber o que queria, mas sabia o que não queria. Hoje em dia não me dou nem a esse luxo porque nem mesmo o que eu não quero eu sei mais. Talvez esse texto seja a maneira que eu encontrei de liberar um pouco da tensão em que tenho vivido.

Termino com o iching da minha adolescência, o Caixa Postal:
“Estou fazendo tudo errado. Eu não deveria estar lhe enviando um envelope amarelo fechado. Eu deveria lhe mandar um postal com um brilhante pôr-do-sol. Então, você o alfinetaria na parede de cortiça e teria um sol particular. Fico lhe devendo essa. Hoje estou chovendo” *

Odeth

OBS: * Trecho da carta do Leo pra Lala do livro “Caixa Postal 1989” da Angela Carneiro.
OBS 2: Quem sabe no próximo post um mágico apareça.

Um comentário:

dri disse...

O seu Mr.Big ... rs ... o único porta retrato que vc deixa por perto de vc :)

Maior parte do tempo fico me perguntando também em relação à isso: "Não sei qual a parte que é amadurecimento e qual a parte em si é cansaço"

“ pra que eu ia ficar pertendo meu tempo e minha saliva com uma pessoa que não tá interessada no que eu tenho a dizer?” Por isso que não falo mais ... escrevo ...

Mesmo que seja para o vento, para as paredes, para os anjos ...