domingo, dezembro 19, 2010

Parabéns!

Antes de qualquer coisa eu quero avisar que esse é um daqueles posts grandes dos do tipo que faz a Xiba ter preguiça de visitar meu blog e é um texto sem muito sentido. É um texto sobre amor e poesia, mas na verdade ele é pra comemorar um aniversário. Chegaremos lá...

Aos 17 anos eu tomei gosto de vez por esse tal negócio de escrever. O nome dessa graça era Shizuo, meu diário (que na verdade era um caderno enorme de tanto que eu escrevia). E eu lia um tempo depois e tudo se tornava ridículo. Ótimo, não? E eu cresci com essa fixação. Escrevia pra todo canto:

“Você sabe que quer mesmo escrever quando sente que se lhe tirarem esse direito esse morre”.

Eu escrevi isso em todas agendas e cadernos possíveis com maior orgulho e ai estava criada a fixação da minha adolescência.

Pulemos alguns anos. Uma história escondida no passado me atormentava por diversos motivos que até hoje ainda me incomodam. Por anos um drama se instalou em minha cabeça, mas eu fui minha própria psicóloga. Ao escrever meu primeiro poema reafirmei minha vontade de escrever e me libertei de um fantasma.

Libertando fantasmas foi assim que com muita graça e de parto normal (hehehe – eu não resisto a fazer uma graça) eu dei a luz ao meu adorado

Amor e Ódio

Há muito tempo que não te vejo,
Que não ouço a sua voz
Mas nem por isso te esqueci
Sua fotografia está guardada na minha memória
Não consigo te esquecer
Nem que eu queira
Você não sai do meu pensamento
Vou acabar enlouquecendo
Mas gostaria de te ver mais uma vez
Somente mais uma vez
Para dizer que amo você
Só mais uma vez, que amo você
Dizer que mesmo longe
Você ainda está dentro de mim
Hoje você é apenas uma lembrança que dói.
Por não ter tido você ao meu lado
Odeio os versos que escrevo
Porque eles só me fazem lembrar que não tenho você
Odeio a minha fraqueza
Por ter deixado você ir sem tentar mais uma vez
Cheguei inclusive a redigir um epitáfio de nossa relação
Mas foram palavras em vão; para serem jogadas ao vento
Fora apenas mais uma ilusão
Mas me decidi
Não quero mais
Não quero mais sofrer
Não quero mais sofrer por causa de você
Eu preciso exorcizar você de dentro de mim
Para poder viver em paz
Para seguir minha vida
Tudo isso porque mesmo que eu tente te tirar,
Você ainda está dentro de mim

Primeiro filho, né? Nosso como eu “lambi” a cria. O primogênito merecia tudo e me deu todas as alegrias possíveis. Amor e Ódio além de eternizar meu drama também colocou a prova a essa coisa de escrever até as últimas consequências, serviria como base para uma música do repertório das “The Russo’s”, o blog que virou projeto de banda (ainda que imaginária). A brincadeira que levamos a sério durante um bom tempo. Era a nossa “42nd Street Band” por assim dizer. Mas essa já outra história...

Óbvio que foi bem pensado. Escrevi de modo impesssoal de propósito (era algo que o Renato – o Russo – fazia e que me agrava muito). E essa cria foi mimada até não poder mais. Vou usar palavras de Renato pra explicar a carência de tanto mimo:

Renato explicando a existência de “Dois” (segundo álbum da Legião Urbana):
“A gente passa a vida toda sonhando com o primeiro álbum, o problema é quando chega a hora do segundo”.

E foi isso que me aconteceu, planejei tanto meu primeiro poema, que o segundo custou a sair. Enquanto o bebê “Amor e Ódio” reinava em casa, ele ainda uma alegria imensa. E aqui estamos quase entrando na parte do aniversário.

Quando a Kinha me pediu material pra coluna “Mitologia e Intuição” da edição nº 8 do zine 8 do Folha Urbana (zine produzido e destribuido pelo Fã-Clube Todos Numa Só Legião – o TNSL), não precisei nem pensar que eu queria mandar o meu “bebê”. Assim sendo, minha cria foi publicada (e mais tarde foi pro site do TNSL) e embora um doido tenha achado que eu tenha escrito “Amor e Ódio” pro Renato (não, não foi – sou fã, não psicótica), tempos depois a My recebeu uma carta que muito me alegrou, de um rapaz de gostou muito do poema que achou que eu conhecia ele porque parecia muito com a história dele. E isso me deixou imensamente feliz. Fazer com que alguém que eu nem sequer conhecesse se identificasse com aquela história.

Chegamos então na parte do aniversário. Há 17 anos atrás algumas pessoas se juntaram para formar um fã-clube da Legião Urbana, o TNSL (o fc que teve o meu bebê o publicado no zine e mesmo ausente eu me considero parte não só dessa história, mas como dessa família). E eu me permito roubar as palavras do meu amigo Luis pra festa de 10 anos pra falar desse aniversário (um trecho que me emociona muito):

“Entre as pessoas que estavam juntas no dia 19 de dezembro de 1993 às pessoas que formam hoje o fã-clube, muitas pessoas entraram e saíram do TNSL, mas com certeza todas deixaram registrada sua passagem e se conseguimos completar 10 anos (e agora 17) é porque o que sempre nos uniu foi a amizade!”.

Há tempos eu queria falar do Amor e Ódio aqui no blog e escolhi o dia do aniversário do TNSL porque ambos (o poema e o fã-clube) são muito importantes pra mim. Ambos foram divisores de águas em minha vida (o poema da minha vida emocional e o fc da minha vida prática). Com o TNSL achei minha turma, meu lugar no mundo. Mesmo eu estando meio ausente, são minha segunda família. E eu os amo muito. Parabéns TNSL!



O TNSL da inauguração da lona Renato Russo pra Globo.com
Meu beijo,
Odeth

Um comentário:

Anônimo disse...

ai amiga, nem deu preguiça... a xiba adorou!