sábado, fevereiro 27, 2010

Odeth no divã...


Então... Ensaiei escrever sobre “Werther” e o Jornalismo, mas larguei no meio do caminho. Porque o Jornalismo tem alguns problemas, mas o problema maior é meu. São os meus olhos que não brilham. Essa semana foi corrida, foi difícil. Em anos de TNSL pela primeira vez me vi perdendo a paciência de vez. Tô precisando trabalhar a paciência, a calma. Porque a frustração eu já trabalhei muito essa semana. Pensei em escrever sobre a minha comodidade, mas vou deixar isso pra um próximo post. Hoje não quero usar palavras minhas...

Sabe quando você pega um livro e pensa: queria eu ter escrito ele? Foi o que eu pensei quando terminei de ler “Divã” da Martha Medeiros. Usando a famosa frase de miss Tina, “é uma pena que eu não esteja de chapéu agora, porque se eu estivesse, nesse exato momento o tiraria para” Martha Medeiros. Ela é uma das melhores escritoras do seu tempo. E lendo e relendo e “Divã” pude constatar porque tanta gente não gostou do filme: o livro é infinitamente melhor (e olha que adoro os trabalhos da Lilia Cabral tanto pra cinema quanto pra tv).

Eu ainda estou no meio da minha releitura, mas quero selecionar aqui alguns trechos que muito me emocionaram. Com vocês, Martha Medeiros, Mercedes, eu e você no divã:

“...mas nunca somos nós mesmos na presença de testemunhas”.

“Se eu lhe disser que estou com medo de ser feliz para sempre, o que você diria? Se ser feliz para sempre é aceitar com resignação católica o pão nosso de cada dia e sentir-se imune a todas tentações, então é deste paraíso que quero fugir”.

“Não importa a idade que temos, há sempre um momento em que é preciso chamar um adulto.
...
Quem sabe não é por isso que estou aqui, Lopes? Se algo der errado, é só chamar um adulto”.

“nenhuma vida é original. Nascemos e morremos, e no espaço entre uma coisa e outra estudamos, trabalhamos, casamos, temos filhos e netos, praticamos exercícios, adoecemos. Ninguém escapa desse script, não há outras opções. Por isso o álcool, o jazz, o esoterismo, a religião, o Kama-sutra: é preciso encontrar alguma fresta, é preciso reinventar uma história que não seja cópia, que não entre para as estatísticas, que escape”.

“Eu tenho medo é desta eterna vigilância interior, tenho medo do que me impede de falhar”.

“Domingo é meu inferno astral. Duvido que haja algo mais entediante. É dia de descansar, de almoço em família, de ir ao parque: o domingo é benevolente demais. Não tem a malícia do sábado nem a determinação da segunda. É um dia em cima do muro, não é dia de festa nem de trabalho. Nem lá, nem cá. Nem mais, nem menos.
...
Viver tem que ser perturbador, é preciso que nossos anjos e demônios sejam despertados, e com eles sua raiva, seu orgulho, seu asco, sua adoração ou seu desprezo. O que não faz você mover um músculo, o que não faz você estremecer, suar, desatinar, não merece fazer parte da sua biografia.
...
Como você foi na prova? Mais ou menos. Como foi seu dia? Mais ou menos. João acha cansativo responder diferente, porque coisas muito boas e coisas muito ruins exigem explicação. Coisas mais ou menos estão explicadas por si mesmas”.

“Eu não pensava tanto nisso antigamente, beleza era uma coisa que eu não tinha e não corria atrás, mas com o passar do tempo comecei a investir mais no visual, e olha, isso só demonstra que minha cabeça evoluiu. Eu, como as demias feiosas, costumava achar que quem liga para a aparência é fútil, mas a passagem dos anos me prensou contra a parede e me fez ver que um batonzinho não corrompe ninguém”.

“... nada é gratuito”.

“Dizem que as pessoas se apaixonam pela sensação de estar amando, e não pelo amado”.

“O inferno não são os outros. O inferno são os outros sem atrativos para mim”.

“Megera, assumo. Meu egoísmo não é material, não é financeiro: gosto de dinheiro mas não sou escravizada por ele, distribuo o pouco que ganho sem pesar. Meu egoísmo é o de não conseguir repartir emoções. Não tenho conseguido dar nem receber; Só atento para o que nasce em mim e em mim se desfaz, morre, é consumido”.

Era isso... Beijos analisados,
Odeth

2 comentários:

Eugênio Macêdo disse...

Gostei do que postou...
Vou ler o livro. Estou escrevendo sobre esse universo, preciso me familiarizar mais...
gostei do filme, mas faltou alguma coisa nele....

Luly disse...

Lá vamos nós trabalhar a frustração diariamente. Acontece, Eu sinto isso desde o dia 25 de fevereiro de 2008, quando entrei na faculdade...
Mas, né... Divã!! Eu quero ler!! Eu vou ler!! Eu vou lembrar de cada uma dessas partes que você postou e que são a mais pura e absoluta verdade!!
Pura verdade, não confundir com amor puro, hehe